St Justina
Integrado num altar lateral dedicado a Nossa Senhora das Dores, do lado da Epístola da Igreja de Santo António, em Lisboa, o simulacrum de St Justina constitui um notável exemplo das práticas devocionais que outrora marcaram a Europa católica.
Este simulacrum é considerado um dos dois simulacros enviados de Roma para Lisboa em setembro de 1777, uma oferta do Papa Pio VI. Desconhece-se o paradeiro do segundo corpo — que, segundo as fontes, terá sido colocado no Palácio da Bemposta — mas o simulacrum de St Justina continua a ser venerado no seu contexto original.
Embora o original vase sanguinis se tenha perdido, o recipiente que atualmente o substitui conserva vestígios do original. Uma delicada cartela em papel, colocada junto ao corpo, apresenta a seguinte inscrição
“SAC. CORPUS. CVM. VASE / SANGUINIS S. IUSTINÆ / Me Cœmeterio Sancti / Laurentij”
(“Corpo Sagrado com um vaso de sangue de St Justina, proveniente do Cemitério de St Lourenço”)
Em 1994, o simulacrum foi sujeito a um tratamento de conservação, e em fevereiro de 2024, a urna foi novamente aberta para permitir a realização de um registo 3D — integrado num esforço mais amplo de documentação e preservação destes raros artefactos sagrados.
Ainda hoje, visitantes e devotos deixam orações manuscritas nos pequenos orifícios existentes na frente envidraçada do altar, apelando discretamente à intercessão de St Justina. Contudo, este gesto íntimo mantém-se bastante mais reservado quando comparado com as intensas práticas devocionais em torno da célebre imagem de St António, situada no altar oposto.

